quarta-feira, 31 de outubro de 2012

110 ANOS - Dia "D" de CARLOS DRUMMOND - Numismática

Carlos Drummond de Andrade (1902/1987), poeta e cronista, nascido na cidade mineira de Itabira há exatamente 110 anos (31 de outubro), tornou-se no Brasil uma presença tão marcante quanto a de Machado de Assis em seu tempo. Suas crônicas são testemunho de toda uma época, revelando e interpetrando angústias e alegrias presentes ao homem contemporâneo. 
Moeda Comemorativa do Centenário de Nascimento de Carlos Drummond
Moeda de Ouro: Valor Facial: 20 reais - Peso:   8 g - Diâmetro: 22 mm
Moeda de Prata: Valor Facial:  2 reais  - Peso: 28 g - Diâmetro: 40 mm
 
"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio, – e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse…. Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde?”
Carlos Drummon de Andrade

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