quinta-feira, 21 de maio de 2015

Abelhas Brasileiras Meliponas - Abelhas sem ferrão

O lançamento da minifolha esta programada para amanhã dia 22 de maio de 2015 nas praças de Curitiba, Fortaleza, Mossoró, Poços de Caldas, Porto Alegre e Teresina. A folha contém seis selos de valor facial de R$ 2,50 e terá uma tiragem de 720 mil selos.
SOBRE A MINIFOLHA
A Minifolha apresenta seis espécies de abelhas melíponas (sem ferrão) presentes no território brasileiro: Melipona quinquefasciata (Uruçu do Chão), Melipona rufiventris (Uruçu Amarela), Melipona subnitida (Jandaíra), Nannotrigona testaceicornis (Iraí), Paratrigona lineata (Jataí da Terra) e Plebeia flavocincta (Jatí). A partir das características anatômicas e do habitat de cada uma dessas espécies de abelhas melíponas foi produzida a imagem da minifolha com os respectivos selos, de modo a conciliar, harmoniosamente, as abelhas em meio à natureza. O título da emissão é exibido na parte superior da peça, e, no canto inferior direito, é divulgada a Exposição Filatélica London 2015. Foram utilizadas as técnicas de quadricromia (CMYK) com aplicação serigráfica de verniz aromático e computação gráfica combinando recursos de softwares vetoriais e pintura digital. 

Texto descritivo do Edital
Abelhas Brasileiras Melíponas – Abelhas sem Ferrão
Os Correios destacam, nesta emissão inédita, a importância e a originalidade das abelhas melíponas brasileiras, apresentando seis espécies consideradas relevantes para a preservação do equilíbrio ecológico e a exploração sustentável da meliponicultura.
Melipona quinquefasciata Lepeletier, 1836
Melipona quinquefasciata Lepeletier, 1836
Esta espécie do gênero Melipona (Apidae, Meliponini) é conhecida por nidificar no chão. Os ninhos de Melipona quinquefasciata têm populações de várias centenas de indivíduos. A distribuição sobre o território brasileiro é extenso, ocorrendo do Estado do Paraná ao Ceará. A população local conhece esta abelha como “uruçu-do-chão” ou “mandaçaia-do-chão”.
Um elemento típico e importante na estratégia de coletar pólen das flores pelas espécies do gênero Melipona é o uso da técnica de vibração das anteras das flores. O pólen destas flores não está exposto, mas armazenado dentro das anteras, e só pode escapar através de um pequeno furo, por meio de vibrações. As abelhas produzem estas vibrações quando contraem as asas. O som resultante se chama “buzzing”, o que gerou o nome deste tipo de polinização: “buzz-pollination”.
O mel, armazenado dentro dos ninhos, é muito procurado, e, por isso, esses ninhos são caçados intensamente. A caça por meleiros e a destruição do habitat são as causas principais de ameaça desta espécie nativa. No Estado do Paraná, a M. quinquefasciata está na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Melipona rufiventris Lepeletier, 1836
Melipona rufiventris (Apidae, Meliponini) ou “uruçu amarela”, tem colônias de até uns poucos milhares de abelhas. Ela tem sua distribuição concentrada nos ecossistemas de Mata Atlântica e no Cerrado do Estado de São Paulo ao Piauí. O tamanho dos indivíduos e das colônias é muito parecido com o da espécie M. scutellaris ou “uruçu verdadeira”. A rainha pode botar algumas dezenas de ovos por dia e, por isso, sobre condições ideais, produz muitas crias. Com uma população relativamente grande, uma colônia individual deM. rufiventris armazena bastante mel. Como consequência, esta abelha é muito criada por meliponicultores, e seu mel é comercializado.
Em geral, as abelhas sem ferrão produzem pouco mel quando comparadas com asApis mellifera ou abelha europeia/africanizada, porque têm populações bem menores, e, por isso, menos indivíduos disponíveis para buscar e carregar recursos florais. Alguns méis de abelhas sem ferrão são conhecidos pelo seu valor medicinal, tendo um preço alto no mercado. No Estado de Minas Gerais, a M. rufiventris está na lista de animais ameaçados de extinção, haja vista a caça ilegal e a destruição do seu habitat.
Melipona subnitida Ducke, 1910
Melipona subnitida (Apidae, Meliponini) ou "jandaíra" é uma abelha sem ferrão, de mais ou menos 1,2 centímetros de comprimento, sendo nativa da região da caatinga, no nordeste do Brasil. É muito conhecida por causa do seu fácil manejo e da produção de mel de boa qualidade. Pertence ao gênero Melipona, um grupo de mais ou menos 70 espécies exclusivamente neotropicais (América do Sul, América Central e sul do México). Foi descrita, pela primeira vez, em 1910, por Adolpho Ducke.
Colônias de jandaíra são relativamente pequenas, com até algumas centenas de indivíduos, e produzem uma cera escura marrom. Antigamente, as pessoas usavam esta cera para vedar recipientes de alimento. Uma vez por ano, uma única caixa de criação ou caixa nordestina, pode produzir até um litro de mel. Um hábito bastante comum é a criação de jandaíra dentro dos perímetros de cidades nordestinas.
As plantas não só servem para abastecer colônias de abelhas com pólen e néctar, mas, também, seus ocos podem servir como abrigos. As colônias ferais (silvestres) de jandaíra habitam, principalmente, os troncos das árvores, em especial, da imburana (Commiphora leptophloeos) e da catingueira (Caesalpinia pyramidalis). Em alguns lugares do nordeste também nidificam em ninhos de cupim.
Nannotrigona testaceicornis Lepeletier, 1836
Esta abelha sem ferrão (Apidae, Meliponini), também conhecida como “iraí”, é muito comum perto de aglomerações habitacionais. Neste caso, nidifica entre tijolos, perto ou dentro do chão. Muitas vezes existe um espaço entre a camada externa do ninho e o substrato no qual vivem formigas, aparentemente em harmonia mútua com as abelhas. Seu gênero está distribuído na América do Sul e Central, mas, no Brasil, a ocorrência de N. testaceicornis se restringe do Estado do Rio Grande do Sul à Bahia. N. testaceicornis é uma abelha fácil de manejar, produz pouco mel, porém, de boa qualidade.
Levantamentos sobre relações abelhas-plantas mostram que abelhas sem ferrão, em geral, são generalistas no uso de recursos. Visitam um número amplo de espécies e famílias de plantas. Através das suas visitas nas flores as abelhas sem ferrão proporcionam polinização, a transferência de pólen de uma flor para outra, o que resulta em sementes e frutas.
Paratrigona lineata Lepeletier, 1836
Paratrigona lineata (Apidae, Meliponini) é uma pequena abelha indígena, que ocorre do Estado do Paraná ao Maranhão. É uma das espécies de abelha sem ferrão que nidifica no chão e mede 4 milímetros de comprimento. O ninho, com uma única rainha e centenas de operárias, fica algumas dezenas de centímetros abaixo da terra. Um pequeno túnel conecta o ninho com o ambiente externo. Ao anoitecer, operárias guardas fecham a entrada usando o mesmo material para proteger o ninho contra invasores durante a escuridão. Outros aspectos da biologia desta espécie são pouco conhecidos.
Como outras abelhas sem ferrão, os indivíduos da espécie P. lineata vivem em grupos permanentes, se alimentam de pólen e néctar das flores e estocam estes recursos naturais no interior de seus ninhos. As operárias constroem potes grandes de cera para armazenar o alimento e empregam células menores, também feitas de cera, para procriar. Não se costuma domesticar esta espécie de abelha sem ferrão porque a sua produção de mel é muito pequena.
Plebeia flavocincta Cockerell, 1912
Plebeia flavocincta é uma abelha sem ferrão, pequena, de alguns milímetros de comprimento, que ocorre nas caatingas do Estado da Bahia ao Piauí. Como as outras espécies, coleta pólen e néctar nas flores. Também coleta suor humano, revelando sua necessidade de sais minerais.
Suas colônias são formadas por até várias centenas de operárias e uma única rainha. Como outras abelhas sem ferrão, as células verticais de cria são construídas em favos horizontais. As rainhas são criadas em células maiores, chamadas células reais. Estas células são construídas nas margens dos favos.
Ninhos de P. flavocincta foram encontrados nas árvores de Caesalpinia pyramidalis ou “catingueira”. Aliás, esta árvore é um recurso importante de nidificação para muitos outros meliponídeos. As abelhas sem ferrão permanecem por muito tempo num mesmo local, até dezenas de anos, e, irregularmente, fazem um enxame. Por isso, o corte de árvores adultas pode ter um efeito devastador sobre a sobrevivência e a reprodução colonial (silvestre) das abelhas sem ferrão.
Dirk Koedam (Professor Visitante)
Departamento de Ciências Animais
Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA

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