terça-feira, 19 de setembro de 2017

Flores da Mata Atlântica - Brasil

Dia 22 de setembro marca o início da Primavera no Hemisfério Sul.  É a estação que antecede o verão e sucede o inverno, caracterizada pelo desabrochar das flores e pelo aquecimento da temperatura.

A data foi escolhida para o lançamento da Emissão Flores da Mata Atlântica, ecossistema rico que se estendia por 17 estados (do Rio Grande do Sul ao Piauí, atingindo territórios centrais, como Minas Gerais), mas hoje apenas 8% de remanescentes florestais acima de 100 hectares restam em todo o país.

Decretada como “Reserva da Biosfera”, pela Unesco, e “Patrimônio Nacional”, em 1988, o bioma de Mata atlântica oferece exemplares exuberantes de flora que podem ser aproveitados em paisagismos.  Desses, foram escolhidos quatro espécimes florais significativos para figurar nessa emissão: as flores dos ipês branco e rosa, a begônia e o antúrio.

A emissão é composta por dois modelos de selos. Os autoadesivos foram impressos em folha com 24 selos, valor facial do 1º Porte da Carta Comercial e tiragem de 960.000 unidades. Os gomados são diferenciados. Estão dispostos em 6 quadras, em folha com 24 selos, tiragem de 480.000 selos. Foram impressos com resina aromática, com odor de mata. O valor facial desses selos é de R$ 2,55. Os locais de lançamento estão previstos para o Rio de Janeiro e Curitiba.  texto Correios do Brasil

Texto descritivo do Edital
Flores da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é uma das florestas mais ricas em biodiversidade de plantas no planeta. Os Correios destacam nesta emissão quatro espécies de flores deste bioma: o ipê-rosa, o ipê-branco, a begônia e o antúrio, duas delas são endêmicas do Brasil.

Ipê-rosa, Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos
Árvore da casca grossa de flor rosa, com ramos cilíndricos e glabros, folhas opostas e pecíolo cilíndrico e glabro. Lâmina foliar membranácea, composta de cinco a sete folíolos elípticos, com margens serreadas, base aguda a obtusa e ápice acuminado. Flor pedicelada com sépalas esverdeadas, 5-lobadas e pelos esparsos, pétalas tubulosas, rosadas com manchas alvas ou amareladas. Fruto em forma de cápsula, alongado. Espécie longeva, podendo atingir até 800 anos, comum na Mata Atlântica, também encontrada no Cerrado, com distribuição nas regiões Sul, Sudeste, nos estados da Bahia, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Floresce e frutifica nos meses de julho, agosto e setembro. A madeira é utilizada em obras externas e possui potencial ornamental, principalmente na arborização de ruas, avenidas e praças. Possui conhecida utilização na medicina alternativa, sendo rico em potássio, cálcio, ferro, bário, estrôncio e iodo, com potencial antibiótico. É uma espécie recomendada para recuperação de ecossistemas degradados. Possui crescimento rápido, dependendo das condições climáticas.
Ipê-branco, Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith
Árvore da casca grossa de flor branca, de ramos cilíndricos e glabros. Possui folhas opostas de pecíolo cilíndrico, longo e glabro a pubescente, lâmina foliar cartácea, composta de três folíolos elípticos a obovados, com margem inteira, base arredondada a raramente cordada e ápice acuminado. Flores com sépalas esverdeadas a vináceas e pilosas, pétalas em forma de tubo rosadas a esbranquiçadas, com a parte superior interna com estrias amareladas. Fruto cápsula alongado. Com distribuição na Mata Atlântica nas Regiões Sudeste e Nordeste, podendo alcançar o Cerrado e a Caatinga, nos estados da região Centro-Oeste, Pará e Tocantins. Floresce em maio, setembro e outubro e perde completamente as folhas durante esse período. Sua floração dura poucos dias. Na construção civil a madeira do ipê- -branco pode ser utilizada em acabamento externos. Muito utilizada em ornamentação de ruas, avenidas, praças e jardins, e útil em reflorestamentos na recomposição da vegetação arbórea.
Begônia, Begonia angularis Raddi
Possui esse nome em homenagem a Michel Begon (1638-1710), francês, militar e colecionador de plantas. Espécie herbácea a subarbustiva de lâmina foliar com forma ovada a lanceolada, com base assimétrica, margem levemente ondulada a denteada, de período anguloso, nervuras palmadas, de coloração esverdeada na face superior e avermelhada na inferior. Flores femininas separadas das masculinas, esbranquiçadas a rosadas com quatro a cinco tépalas. Frutos em forma de cápsula oblonga a ovada. Endêmica do Brasil e exclusiva da Mata Atlântica, crescendo em áreas úmidas e sombreadas com distribuição nos estados do Sudeste, Bahia e Paraná. Floresce de abril a junho e frutifica de julho a setembro e pode ser encontrada na Floresta Pluvial Atlântica, Campos Altimontanos, floresta Ripária e mata de Restinga. As espécies de begônias são muito utilizadas em ornamentação pelas folhagens e, também, pelas belas flores. Recomendadas em vasos ou jardineiras, bem como diretamente no chão.
Antúrio, Anthurium lucioi Nadruz
Flores em forma de rabo. Espécie herbácea, podendo ser encontrada como terrestre ou crescendo em cima de pedras (rupícola). Tem como características principais a forma ovada a lanceolada da lâmina foliar, com a base obtusa ou truncada. Possui nervuras coletoras retilíneas, que saem um pouco acima da base laminar, tornando-se curvilíneas. As flores são reunidas numa estrutura denominada espádice, protegido por uma folha modificada, denominada espata, de coloração esverdeado-alvacenta. Frutos de coloração esverdeada. Espécie endêmica do Brasil e da Mata Atlântica, encontrada somente na zona da mata e sul de Minas Gerais, nas serras da Mantiqueira e do Caparaó, até o vale do Paraíba paulista na serra da Bocaina. É considerada rara e em perigo. Cresce em locais úmidos e sombreados em floresta ombrófila altomontana, na faixa altitudinal entre 900-1600 m. Espécie considerada indicadora de áreas preservadas, não tolerando locais desmatados. Descoberta em 2004 numa expedição à Serra do Araponga, no município de Araponga em Minas Gerais.

Marcus A. Nadruz Coelho
Pesquisador Titular do Instituto de Pesquisa
Jardim Botânico do Rio de Janeiro



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