sábado, 14 de setembro de 2019

100 Anos da Cripta da Catedral da Sé

Sobre os Selos 
A emissão é composta por um se-tenant de seis selos, traz em sua parte superior o característico teto da cripta da Catedral da Sé, formado por abóbodas de tijolinhos aparentes. Nos selos das extremidades, está retratada a escadaria que dá acesso à cripta, localizada sete metros abaixo do nível da Praça da Sé. O segundo e o quinto selos reproduzem esculturas que representam Jó e São Jerônimo, respectivamente, ambas as peças simbolizam a morte cristã e foram esculpidas em Roma por Frederico Leopoldo e Silva especialmente para o edifício. O altar da cripta, projetada por Maximilian Emil Hehl, é retratado no terceiro selo. Marcando a presença das importantes personalidades cujos restos mortais estão abrigados na cripta centenária, o quarto selo traz reprodução da medalha que orna o túmulo de Dom Duarte Leopoldo e Silva: arcebispo de São Paulo entre 1908 e 1938 e que foi responsável pelo desenvolvimento do projeto de construção e início das obras da Catedral da Sé, em 1913.
Lançamento: 5 de setembro de 2019
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 A folha com 12 selos, possui uma vinheta com o título da emissão, o croqui da cripta e a marca da catedral da Sé. A direção de arte deste se-tenant de selos é do Estúdio Centro, com ilustrações em lápis e aquarela de Eduardo Bajzek, arquiteto especializado em desenhos de perspectivas.

100 anos da cripta da Catedral de São Paulo:
relíquia histórica e joia arquitetônica da cidade 

Inaugurada no dia 16 de janeiro de 1919, a cripta da Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo foi a primeira parte concluída do novo templo na reformulada Praça da Sé – que substituía o antigo largo de mesmo nome, quatro vezes menor. A nova praça integrava um conjunto maior de ações da Prefeitura de São Paulo que tinham o objetivo de adequar a cidade ao seu crescimento desordenado, fruto do sucesso da economia do café. 

De fato, São Paulo viu sua população crescer de cerca de 30 mil pessoas em 1870 para pouco mais de 240 mil no início dos anos 1900. O alto crescimento populacional expandia também os territórios da cidade, que deixava de ter vida só no seu centro histórico e começava a ganhar as periferias. A simplicidade da antiga catedral, de estilo barroco e construída em taipa de pilão, não parecia mais adequada à grandeza da cidade. 

Espécie de capela subterrânea, a cripta acolhe os túmulos dos bispos e arcebispos que governaram São Paulo ao longo desses 274 anos de história (a partir de 1745 como diocese, com território desvinculado da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, e desde 1908 como arquidiocese). Estão na cripta da Catedral de São Paulo os restos mortais de bispos como Dom Duarte Leopoldo e Silva, que foi o primeiro arcebispo de São Paulo e conduziu a elaboração do projeto e os primeiros passos das obras da nova catedral, e de Dom José Camargo de Barros, morto num naufrágio que foi imortalizado em tela do pintor paulista, Benedito Calixto. 

Como acontece com as milenares catedrais europeias, a cripta de São Paulo também tem a presença de outros personagens muito importantes para a história da cidade e do País. Estão sepultados nela, por exemplo, os restos mortais do cacique Tibiriçá, considerado o primeiro cidadão paulistano, e de Diogo Antonio Feijó, que exerceu o cargo de regente do então império brasileiro quando Dom Pedro II era menor de idade. 

Sete metros abaixo do nível da Praça da Sé, com piso de mármore quadriculado e teto de tijolinhos a mostra que são marcas de sua arquitetura, a cripta tem, ainda, duas esculturas em mármore Carrara de grande valor artístico. Executadas pelo escultor paulista Francisco Leopoldo e Silva, que estudou com Brecheret em Paris, as esculturas abordam a temática da morte e da ressurreição na ótica cristã a partir das histórias de São Jerônimo e Jó.

 Celebrar o centenário da cripta é fazer memória da vida de todos esses personagens da história de nosso País. Mais do que isso, é celebrar a história da própria cidade de São Paulo refletida nas marcas do seu principal e mais importante templo. Quando lançou a ideia de construir uma nova catedral para São Paulo, Dom Duarte proferiu um discurso em sua residência afirmando que os católicos paulistas gostariam de uma catedral grandiosa “que, testemunhando a fartura  dos nossos recursos materiais, seja também hino de ação de graças a Deus Nosso Senhor”. 

Ao celebrar os 100 anos da cripta da catedral, chamada à época de sua inauguração de “joia arquitetônica” e “relíquia histórica” da cidade de São Paulo, retomo o discurso de Dom Duarte Leopoldo e Silva naquele 25 de janeiro de 1912 em que ele apresentou a ideia de uma catedral que fosse o “selo” da “imensa e poderosa grandeza” de São Paulo, e, com ele, faço votos de que nossa catedral siga sendo casa de Deus que habita nessa cidade imensa, uma catedral que seja “escola de arte e estímulo a pensamentos mais nobres e mais elevados”. 

Com essa emissão os Correios, por meio da Filatelia, emoldura com picote de selo a joia arquitetônica da cidade de São Paulo, a Cripta da Sé. 

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo Metropolitano de São Paulo

Todas as informações e imagens foram transcritas do edital 20/2019, dos Correios do Brasil

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