Sobre os Selos
Essa emissão é composta por seis
selos, celebrando seis Mulheres que
fizeram e fazem história. A terceira
homenageada é a dama da televisão
brasileira, a estrela Hebe Camargo.
A imagem é uma foto que foi tirada
em 2003, no estúdio do fotógrafo
Chico Audi. O elo desta emissão é o
símbolo da mulher, que consta em
todos os selos. A folha com borda
na cor magenta, é composta por 18
selos, tendo o título da emissão no
canto superior esquerdo e no canto
superior direto desenhos estilizados
de estrelas e uma câmera de
tv. Foram usadas as técnicas de
fotografia e computação gráfica.
* transcrito do Edital 21, Correios do Brasil
Foto: Chico Audi - Arte-finalização: Jamile C. Sallum e Daniel Eff Dimensão selo: 26 x 44 mm - Lançamento 19 de setembro de 2019 |
São inúmeros os selos postais brasileiros dedicados às mulheres e
suas obras. É gratificante verificar o quão nobre tem sido a presença da
mulher na Filatelia, destacando a sua função em vários contextos, mostrando que as mulheres estão cada vez mais conscientes dos papéis que
desempenham na sociedade. É, portanto, compreensível e justo que mulheres valorosas tenham as suas contribuições e os seus valores perpetuados em selos postais, que são os mensageiros da paz universal.
Os selos postais chegaram ao século 21 comunicando personalidades, obras e aspectos artísticos, históricos, sociais, ambientais e desportivos, que o Brasil e o mundo precisam reverenciar. Nesse contexto, as
mulheres têm desempenhado um papel cada vez mais importante na sociedade, vencendo lutas de vários significados, buscando assegurar seus
direitos frente a uma vida digna, segura e pautada no respeito à liberdade, à igualdade e defesa de seus ideais.
Mais uma vez, a filatelia brasileira tem a honra de emitir selos sobre
mulhe¬res. Agora será a vez de Mulheres que Fizeram História, destacando seis perso¬nalidades vencedoras em suas vidas São elas: Elza Soares,
Hortência Marcari, Hebe Camargo, Carolina Maria de Jesus, Maria da
Penha e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa. As mulheres merecem essa
honraria, que também dignifica e enriquece a Filatelia brasileira. Esses
selos representam o reconhecimento do Brasil e do mundo à história de
vida, de trabalho e de força que as motivaram em suas jornadas.
No terceiro selo da série, chegamos à história da “rainha da televisão
brasileira”, uma das maiores comunicadoras de todos os tempos – Hebe
Camargo (Taubaté – SP, 8 de março de 1929, São Paulo, 29 de setembro de
2012) filha de Esther Magalhães Camargo e Sigesfredo Monteiro Camargo.
Na década de 40, iniciou junto com sua irmã e duas primas o quarteto Dó-Ré-Mi-Fá, e posteriormente formou com sua irmã Stella Camargo a dupla
caipira Rosalinda e Florisbela. Na Rádio Tupi, começou como cantora aos
15 anos de idade. Em 1950, já conhecida como “a estrela de São Paulo”,
Hebe lança suas primeiras canções - Oh! José” e “Quem foi que disse”. Ela
atuou decisivamente na criação da primeira rede de televisão brasileira –
a Rede Tupi. Convidada por Assis Chateaubriand participou da primeira
transmissão ao vivo da televisão brasileira, em 1950, em São Paulo.
O programa Rancho Alegre foi um dos primeiros em que Hebe participou, em 1950, na TV Tupi de São Paulo. Sentada em um balanço
de parquinho infantil, Hebe fez um dueto com o cantor Ivon Curi. Em
1955, motivada pelo impactante mundo da telinha, que colocava os
artistas dentro dos lares. Hebe compreendeu a importância de se estabelecer um diálogo com as pessoas, capaz de torná-la cada vez mais
íntima do seu público. Nesse contexto, em 1955, criou o primeiro programa de TV feminino da TV brasileira - “O mundo é das mulheres”, dirigido por Walter Forster.
Sua carreira artística foi determinada por seu amor à arte da comunicação. Entrevistava as pessoas de forma inteligente e madura. Por essa razão foi reconhecida como uma das maiores entrevistadoras do Brasil, com
trabalhos consagrados nesse campo, entrevistando personalidades famosas como Neil Armstrong, Edith Piaf, Christian Bernard, Amália Rodrigues
e Júlio Iglesias.
Em 1959, lança seu primeiro disco – “Hebe e vocês”. Em 1960 é contratada pela TV Continental para apresentar “Hebe comanda o espetáculo”,
cuja edição especial, em 1961, também é gravada em disco.
Em 1964, se afastou da televisão brevemente, após o nascimento de
seu único filho retorna à televisão, pela TV Record, em abril de 1966, com
o programa “Hebe”, que ficou no ar por mais de 40 anos, percorrendo várias emissoras. O sucesso era marcante, e a Rainha da Televisão escrevia a
sua história, na qual falava e cantava, em todo o Brasil, sempre com índices
surpreendentes de audiência. Em 1974, o programa é assumido pela Rede
Tupi, saindo do ar em 1975, e voltando em 1979, pela Rede Bandeirantes. Em
1986, o programa “Hebe” estreou no SBT, onde permanece por 25 temporadas e, posteriormente, vai para a Rede TV e permanece por 2 temporadas.
Sua vida pessoal foi marcada por dois casamentos. O primeiro, com
Décio Capuano, em 1964. Dessa união nasceu Marcello de Camargo
Capuano. Em 1971 se divorciou, passando a morar sozinha com seu filho.
O segundo marido foi o empresário Lélio Ravagnani, com quem Hebe se
casou em 1973, e cuja união durou até a morte dele em 2000.
A biografia de Hebe Camargo é extensa. Em toda a sua vida pública
recebeu homenagens honrosas por sua atuação. Inscreveu seu nome na
filmografia e discografia brasileiras. Sua jornada de fama passa pelo Rádio,
Televisão (várias emissoras), revistas, campanhas publicitárias, com programas de grande audiência. Sua carreira a tornou a personalidade feminina de maior projeção no cenário da comunicação de massa e no meio
artístico. Mulher elegante, bonita, talentosa¸ exuberante, irreverente e sincera em suas colocações, expunha suas próprias experiências de vida em
público, quando a ocasião se fazia oportuna. Não gostava de injustiças,
sempre colocando suas opiniões em qualquer contexto. Tratava de assuntos polêmicos com muita seriedade, chamando a atenção para o que considerava prejudicial às pessoas e à sociedade. Em muitos episódios polêmicos da vida nacional expressou manifestações que incomodaram seus
protagonistas.
Hebe escreveu sua história pautada no compromisso com seu público,
de ser verdadeira, que fez do Sofá da Hebe o seu próprio sofá. Sua história
merece aplausos pelo caminho percorrido desde sua infância humilde até
tornar-se a “dama da televisão brasileira” Usava cabelos louros, cuidadosamente penteados. Suas roupas, joias e adereços chamavam a atenção pela
singularidade, requinte e beleza. Hebe era musa e a dama da sociedade
paulistana e do Brasil.
Hebe, maior ícone feminino da comunicação brasileira, que passou sua
vida sorrindo e distribuindo selinhos em seus programas de televisão, agora dá à Filatelia a honra de imortaliza-la em selo postal.
“Que gracinha!”
Maria de Lourdes Torres de Almeida Fonseca
Escritora, Cadeira 35 da Academia de Letras e Música do Brasil - ALMUB
* transcrito do Edital 21, Correios do Brasil
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