SOBRE O BLOCO

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LANÇAMENTO 23 DE JUNHO DE 2017 Designer: Daniel Effi - Dimensões do selo: 38 x 38 mm |
Cem Anos do Samba
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil
Símbolo da nossa nacionalidade, reconhecido internacionalmente,
expressão cultural e social originária das populações afrodescendentes,
incorporada ao cotidiano de todos os brasileiros, de Norte a
Sul do país, o Samba recebe nessa emissão dos Correios o reconhecimento
do seu poder integrador, ressaltando os valores e tradições
das comunidades de sambistas que construíram o seu legado e movem
a sua história rumo ao futuro.
A gravação do samba “Pelo telefone”, de Donga e Mauro de
Almeida, em 1916, é um marco sinalizador do que viria a acontecer
com essa arte. Nascida nos terreiros, se espalhou pelas cidades. Arte
que é canto, ritmo, dança, mas principalmente um modo de vida, que
compreende toda uma série de tradições ligadas a sentimentos de
pertencimento e identidade comunitárias. Samba é reunião, é festa,
é celebração. Como tal, quando há samba, há comidas, bebidas, vestimentas,
instrumentos musicais, interseções religiosas, que compõem
o seu cenário, o seu lar, seja uma quadra de uma agremiação
carnavalesca, uma roda de samba num bar ou uma festa na casa de
amigos. Quando falamos em escolas de samba, vemos as cores tradicionais,
as bandeiras (os pavilhões protegidos pelo casal de mestre-
-sala e porta-bandeira), os símbolos (como a águia da Portela e a
coroa do Império Serrano), os padroeiros, os toques típicos de cada
bateria, inspirados, quando ainda preservados, nos de cultos religiosos
de matriz africana, toda uma tradição que se revivifica a cada
nova reunião dos sambistas, a cada nova criação de um samba de
terreiro, a cada novo desfile no carnaval. Mas o samba é muito mais.
Não é só carnaval, com alguns pensam. Ele é uma expressão vivida
no cotidiano, se dá o ano todo, no dia a dia dos brasileiros.
No começo do século XX, o samba foi perseguido, assim como
outras expressões populares. Foi tratado com preconceito e como
caso de polícia. A resistência das comunidades e o trabalho incessante
de lideranças como os sambistas Paulo da Portela e Cartola, para
citar dois entre muitos outros, mudou esse quadro. As classes mé-
dias foram atraídas pela arte e beleza do samba. A indústria fonográfica e o rádio logo viram o seu potencial aglutinador, a sua força criativa
e a sua intensidade vibrante, que encantavam o país. Daí a ser
reconhecido como símbolo de identidade nacional foi um passo. Um
passo difícil, dado com muita luta, uma conquista. Nos morros e nas
ruas, o batuque do samba se tornou o Brasil. Das senzalas onde sofreram
os escravos, vieram a música e a dança que mudaram e ainda
mudam o país. Então, além de manifestação cultural, é expressão de
uma luta libertadora, pela igualdade, pela cidadania, pela integração.
Em 2007, o samba – nas variações partido-alto, samba de terreiro
e samba-enredo – recebeu do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan) o título de patrimônio cultural imaterial
do Brasil. Esse reconhecimento ajudou a abrir novos espaços e a
valorizar comunidades de sambistas, preservando e registrando os
fundamentos de sua arte, alimentando a sua evolução constante no
diálogo com as novas gerações, sustentando os fluxos de transmissão
de conhecimentos através da atuação das Velhas Guardas das
escolas de samba. Raiz e árvore que só crescem. Mas ainda há muito
por conquistar.
Foi da adversidade que se ergueu o samba brasileiro – sua poesia,
sua vibração, seu molejo.
Vamos celebrar o legado dos nossos antepassados africanos e
dos sambistas históricos, além de exaltar a força criadora das atuais
gerações, que não deixam e não deixarão o samba morrer, nunca.
Aloy Jupiara
Conselheiro e Pesquisador do Museu do Samba
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