SOBRE O SELO
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Arte: Dalila Santos - Lançamento: 23.11.2018 |
Sobre fundo azul em degradé,
na técnica aquarela, destaca-
-se o quadro República (1896),
óleo sobre tela, autoria de
Manoel Lopes Rodrigues, uma
das peças importantes da coleção
pertencente ao acervo do
MAB. A portada do prédio, em
cantaria, que abriga o Museu
encima a composição como se
ela, emoldurando o quadro, tivesse
a dupla função de ornar e
destacar. A proposta é mostrar
o acervo abrigado pela arquitetura.
À direita na parte inferior
a logomarca desenvolvida para
a comemoração dos 100 anos,
com estética baseada em volutas.
A arte do selo foi desenvolvida
a partir de fotos do quadro
e desenho a traço no elemento
portada.
100 Anos do Museu de Arte da Bahia
O Museu do Estado foi criado em 23 de julho de 1918,
conforme a Lei n.1255, como uma seção anexa ao Arquivo
Público, sendo considerado o primeiro museu da Bahia. Após
sair do Arquivo, passou por duas sedes: Solar Pacífico Pereira,
no Campo Grande, local onde foi construído o Teatro
Castro Alves; e Solar Góes Calmon, em Nazaré, atual sede da
Academia de Letras da Bahia.
Em 1982 o museu foi transferido para o “Palácio da Vitória”, onde se encontra até os dias atuais.
Em 1982 o museu foi transferido para o “Palácio da Vitória”, onde se encontra até os dias atuais.
Na primeira metade do século XIX, existiu na atual sede
o palacete onde residiu o conhecido comerciante de escravos
José de Cerqueira Lima. Em 1858 o professor Francisco
Pereira de Almeida Sebrão adquiriu o imóvel, instalando no
local o Colégio São João. Em 1879 foi adquirido pelo governo,
a fim de funcionar como residência dos Presidentes da
Província e, com o advento da República, a partir de 1889
passou a ser Palácio dos Governadores.
No governo de Francisco Marques de Góes Calmon
(1924-1927), o palácio, em
ruínas, foi demolido e construído
no mesmo local um prédio de cimento armado, seguindo
os novos padrões da arquitetura, para sediar a Secretaria
de Educação e Saúde. A importante edificação, conhecida
também como “Palácio da Vitória”, foi enriquecida com vários
elementos arquitetônicos oriundos de demolições de
outros solares baianos, a exemplo da portada em cantaria
e madeira entalhada com vários mascarões, datada de 1674,
proveniente do Solar João Mattos de Aguiar, demolido para
o alargamento da Ladeira da Praça, no Centro Histórico de
Salvador. Posteriormente, o imóvel da Vitória foi totalmente
recuperado e adaptado às necessidades de um moderno museu
para os padrões da época.
O acervo do MAB foi constituído pela reunião de coleções
organizadas na Bahia a partir do século XIX, destacando-se
a coleção Jonathas Abbott, enriquecida com pinturas
de mestres baianos do século XX. Outra valiosa coleção foi
a do ex-governador Góes Calmon, adquirida pelo Estado
em 1943, reunindo peças de arte decorativa, como móveis
setecentistas e oitocentistas, lustres, porcelanas orientais
e europeias, louças das Índias, joias, pratas, cristais, esculturas
religiosas, pinturas e estampas de autores conhecidos
ou seguidores de escolas europeias do início do século
XIX. Na década de 1980, também foi incorporada ao acervo,
como doação póstuma, a coleção do ex-diretor, José Pedreira,
com cerca de 50 peças, entre mobiliário, objetos europeus
e orientais.
O MAB tem, também, um acervo documental, composto
por mapas, fotografias, cartas, postais e convites. Ao longo
dos anos, seu acervo foi sendo gradualmente enriquecido
com novos itens, com a finalidade de preencher lacunas
existentes nas coleções de pintura, escultura e artes decorativas.
Atualmente, conta com um vasto acervo, composto por
14.505 peças, além de abrigar uma biblioteca especializada,
com periódicos, catálogos de exposições e livros direcionados
aos temas de história da arte, estética, museologia e história
da Bahia.
O MAB se constitui hoje no museu público mais visitado
do Estado, alcançando um número de 41.695 visitantes no primeiro
semestre de 2018. Estamos desenhando um conceito
de museu que vai além do acervo, preservando o seu estilo
histórico, aliando-se a práticas que possam contribuir com a
construção de um museu enquanto lugar das inquietações.
Assim, estabelecemos parcerias com entidades educacionais,
culturais e artísticas dentro e fora do país, colocando no eixo
de nossa ação a questão social, compreendendo que a reflexão
sobre a desigualdade social deve orientar o pensar e o fazer
contemporâneo.
O Museu tem primordialmente uma ação cultural e educativa,
tendo como referência o seu vasto acervo e as atividades
culturais que desenvolve. Assim, é perceptível a função socioeducativa,
cultural e lúdica que a instituição vem desempenhando
ao longo da sua trajetória.
A fim de representar o centenário do Museu de Arte da
Bahia, foi selecionada a obra A República - óleo sobre tela, 228
x 118,5 cm - do artista baiano Manoel Lopes Rodrigues (1859
-1917), para a execução do selo comemorativo dos Correios.
Em fins de 1895, Lopes Rodrigues, que estava em Roma, recebeu
da Assembleia Geral da Bahia a encomenda de uma
monumental composição alegórica à República, destinada
ao novo Palácio do Governo. A encomenda, no valor de 3.000
francos, não poderia ter chegado em melhor hora, já que acabara
de ser suspensa a pensão que o Governo Federal lhe concedia
desde 1889.
Inspirada no imaginário republicano francês, essa construção
simbólica traz como figura artística central uma alegoria
feminina como imagem nacional, símbolo da República. A figura
feminina é representada com barrete frígio, com a mão
direita segurando uma espada e sentada em uma cadeira
encimada a um pedestal, transmitindo a impressão de tranquilidade
e confiabilidade. Nesse aspecto, a mulher representa
o bem-estar da sociedade e se transpõe como símbolo da
humanidade. Compreende-se o uso da alegoria feminina no
imaginário artístico em oposição ao antigo regime e a uma
mudança de mentalidade, representando os ideais do novo
regime político: igualdade, liberdade e progresso.
Pedro Arcanjo
Diretor do Museu de Arte da Bahia
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