quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Bicentenário de Anita Garibaldi - Marcofilia

 Os carimbos especiais foram emitidos pelos correios de San Marino e do Brasil, respectivamente em 1 junho de 2021 e 30 agosto de 2021. #marcofilia #filatelia #colecionismo

Veja as emissões de Selos da Anita - 200 Anos

200  Anos do Nascimento de  Anita Garibaldi (Transcrito do Edital 11/2021, dos Correios do Brasil)

Ana Maria de  Jesus Ribeiro nasceu em 30 de agosto de 1821 no sul da então província de Santa Catarina,  parte do Reino Unido de Portugal,  Brasil e  Algarves (1815-22).  Ela morava na  vila de Laguna quando em 1839 os rebeldes  farroupilhas proclamaram a República Juliana,  separando a região do Império Brasileiro (1822-89).

Naquele momento,  conheceu o italiano Giuseppe Garibaldi,  um dos combatentes  farroupilhas,  por  quem se apaixonou e posteriormente casou, passando a ser  chamada de  Anita Garibaldi.

 Com grande coragem, Anita participou diretamente dos combates em  terra e no mar,  ao lado de Giuseppe,  na defesa da República Juliana e,  após a queda desta,  nas lutas que se seguiram entre as forças  farroupilhas e imperiais.  Ela acabou sendo capturada em um combate ocorrido na região de Curitibanos em Santa Catarina,  mas conseguiu  fugir  sozinha pelas matas da região e encontrar  Giuseppe Garibaldi. 

O  casal  seguiu  com  as  forças  farroupilhas  para  o  Rio  Grande  do Sul, onde  Anita deu à luz, em 16 de setembro de 1840, a seu primeiro filho,  Menotti,  na localidade de Mostardas.  A  região  foi atacada por forças imperiais e  Anita,  mesmo convalescendo do parto,  conseguiu fugir  a cavalo dos atacantes, com seu  filho recém-nascido nos braços. A  família seguiria para São Gabriel,  sede dos  farroupilhas,  onde Giuseppe  solicitou  sua  saída  das  forças  combatentes,  mudando-se  a seguir  com  Anita e seu  filho para Montevidéu no Uruguai. 

Na capital daquele país,  Anita e Giuseppe oficializaram seu casamento em 26 de março de 1842.  Ele acabaria se envolvendo nas  lutas  dos  uruguaios  contra  as  forças  do  ditador  argentino  Juan Manoel  Rosas,  tendo  criado  naquele  momento  a  Legião  Italiana, composta por  exilados políticos,  a qual  também o acompanharia no retorno à Itália e nas lutas para unificação daquele país.  No Uruguai nasceram mais  três  filhos do casal,  Rosita,  Teresita e Riccioti,  sendo que Rosita acabou  falecendo de difteria em 1845. 

O envolvimento de Giuseppe no movimento pela unificação da Itália, levou a  família de  volta à Europa, em 1848, onde ele logo se envolveu em combates em prol dessa causa.  A  proclamação da República Romana,  em 1849,  foi seguida de um ataque do exército  francês,  tendo Garibaldi e seus  voluntários lutado em sua defesa.  Anita,  grávida de seu quinto  filho,  foi ao encontro de Giuseppe em meio aos sangrentos combates pela defesa da cidade de Roma.

Com a queda da República Romana,  Anita,  Giuseppe e mais de três mil homens, objetivando continuar  a luta, se retiram da cidade,escapando do cerco das  tropas  francesas e austríacas.  Durante a fuga,  o exército acabou se dissolvendo e enfraquecida,  Anita adoece e precisa ser  carregada por  Giuseppe e alguns de seus companheiros. O grupo, em meio a perseguição dos austríacos, chegou à Mandriole, no norte da Itália,  com  Anita cada  vez  mais doente.  Ela acabou por falecer  na Fazenda Guiccioli,  em 4 de agosto de 1849.  Anita  teve de ser  enterrada às pressas e sem a presença de Giuseppe, que precisou escapar  do cerco austríaco.  Os restos mortais de  Anita passaram depois por  diversos sepultamentos,  sendo inclusive em determinado momento escondidos por  correligionários de Giuseppe,  pois  temiam que  fossem profanados.  O marido e os  filhos retornaram à Itália em 1859.

 Anita passou a ser  progressivamente celebrada na Itália,  junto com Giuseppe,  como heroína da unificação italiana,  ganhando um monumento equestre em sua homenagem na colina do Gianicolo, em Roma,  sob o qual  foi definitivamente sepultada no ano de 1932.  No Brasil,  devido ao regime monárquico,  e ao envolvimento de  Anita com a causa republicana, ocorreu um silenciamento a seu respeito durante boa parte do século  XIX,  mesmo  quando ela  já era louvada como heroína na Itália. 

Com a Proclamação da República,  ela passaria a ser  cada  vez mais  celebrada,  junto  com  as  pessoas  que  lutaram  em  prol  dos  ideais republicanos. Sua  coragem, seu  amor por Giuseppe e  seu  engajamento nas lutas no Brasil e na Itália lhe  trouxeram a alcunha de “a heroína dos dois Mundos”. Ela  teve seu nome inscrito, pela Lei Federal nº 12.615, de 30 de abril de 2012, no Livro dos Heróis da Pátria Brasileira, tornando se dessa  forma oficialmente uma heroína brasileira. 

Duzentos anos após seu nascimento,  Anita Garibaldi é considerada um símbolo de amor,  determinação,  bravura e capacidade de luta por  ideais,  sendo homenageada das mais diversas formas, em músicas, poemas, livros, filmes e monumentos. Seu nome  foi dado a ruas,  avenidas,  praças,  bairros,  cidade, escolas,  centros  de  saúde,  entre  outros,  no  Brasil  e  na  Itália.  Seu nome  também denomina grupos culturais nativistas,  coletivos de lutas sociais e  feministas. Lembrar  de  Anita, de sua  vida, suas lutas e ideais  também é  uma  forma de destacar  o inconformismo e  a busca pela superação das adversidades,  qualidades  fundamentais ao ser  humano para  fazer  frente aos seus desafios na construção de um mundo melhor. 

Fábio Andreas  Richter.

Historiador  da Fundação Catarinense de Cultura e Doutor  em História pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

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