domingo, 11 de setembro de 2022

Emissão Conjunta Brasil-Portugal - 200 Anos da Independência do Brasil

Sobre a Edição Conjunta Brasil-Portugal, 200 Anos da Independência do Brasil

Em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, próximo a São Paulo, ressoou o famoso grito: “Independência ou Morte”. 
Este foi o anúncio simbólico do passo decisivo na construção do Brasil como nação independente. Sob a égide da ainda reinante Casa de Bragança, Pedro, até então Príncipe Regente, assumiu a liderança política que lhe havia sido implicitamente conferida pela nação brasileira, que, em janeiro daquele ano, ouvira e ecoara sua não menos famosa grito de “eu vou ficar”. Ao declarar sua intenção de ficar, opondo-se assim ao apelo dos Tribunais Constituintes reunidos em Lisboa, Pedro adotou o Brasil como sua casa, pronto para sua ascensão natural à liderança de um novo império separado de sua pátria. Sua proclamação como imperador ocorreu logo depois, em 12 de outubro de 1822. Como figura tutelar, ele foi fundamental na manutenção da unidade política de um vasto território, bem como na formação das instituições sociais e políticas do Estado brasileiro em construção. Pedro I do Brasil regressou a Portugal em 1831 como Pedro IV para apoiar a causa liberal, que lhe era cara, numa altura em que a turbulência inerente ao regresso à monarquia absoluta era muito maior do que a ligeira perturbação sentida na política brasileira. vida em busca de seus horizontes.

Muitos se envolveram na construção dessa trajetória irreversível iniciada naquele vertiginoso ano de 1822. Entre os muitos protagonistas que, nas províncias brasileiras, manifestaram seu desgosto pela manutenção da administração e poderes coloniais, a liderança firme e calma de José Bonifácio de Andrade e Silva merece destaque. Foi responsável por redigir documentos programáticos que foram decisivos para afirmar as potencialidades do país emergente, além de influenciar Pedro a aderir à causa brasileira.

Em Portugal, às vésperas de 7 de setembro, os Tribunais davam os retoques finais à Constituição, que ainda dedicava uma seção específica à organização do poder executivo do Brasil. Ao mesmo tempo, os Tribunais discutiam disposições relativas às relações comerciais entre Portugal e o Brasil como partes do mesmo império, com fortes opiniões expressas sobre as vantagens de (ou a ofensa causada) a retomada de privilégios que protegiam a exclusividade do antigo mercado colonial. No entanto, essa possibilidade não passava de uma miragem.

De fato, embora seja verdade que a independência política brasileira decorreu de desejos convergentes de emancipação e libertação do antigo poder dominante, não há dúvida de que a legitimação de um tão desejado processo de separação política foi em grande parte ditada pela crescente autonomia econômica que o território brasileiro alcançou a partir de 1808, quando a corte do futuro João VI se instalou no Rio de Janeiro em decorrência das guerras napoleônicas. A abertura dos portos brasileiros à poderosa marinha mercante britânica representou o fim de uma era de exclusividade colonial que tornou o Brasil capaz de alcançar sua liberdade econômica, ainda que para isso tivesse que se posicionar sob a influência de outras forças estratégicas internacionais. interesses. Mas a sorte estava lançada. A união entre Portugal e Brasil foi enfraquecida em seu elo mais forte.

José Luís Cardoso
Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
Transcrito do sítio CTT Correios

Nenhum comentário:

Postar um comentário