quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Série Mercosul: Fauna e Flora - Suculentas (Brasil)

 Sobre os Selos 

Para representar a enorme diversidade das suculentas, foram escolhidas quatro plantas: o raro cacto Quiabo-da-lapa (Uebelmannia pectinifera), o Mandacaru (Cereus jamacaru), símbolo do sertão, a exótica Planta-pedra (Lithops lesliei) e o resistente Sisal (Agave sisalana), retratados em belíssimas fotos. A técnica usada foi fotografia. Transcrito do Edital 14/2022 Correios do Brasil

Fotos: Fabio Raya - Folha com 16 selos - Selo: 30 x 40 mm
Data Lançamento: 22/9/2022

Série Mercosul: Fauna e Flora – Suculentas 

As plantas suculentas são objeto de fascínio há séculos, principalmente pela sua relevância como mestres no uso de água e formas maravilhosamente extravagantes. Apesar de serem comumente tratadas como um único grupo, “suculenta” não é uma classificação botânica, e sim uma característica amplamente difundida no reino vegetal. Para uma planta ser considerada suculenta basta que esta seja capaz de acumular água em alguma parte de seu corpo, podendo ser no caule, nas folhas ou até nas raízes. Ou seja, cactos, echeverias, rosa-do-deserto (Adenium obesum) e até algumas orquídeas podem ser considerados plantas suculentas.

     Suculência é uma característica altamente associada a resiliência. Por isso, ela está tão presente em plantas que habitam regiões áridas do globo. Em especial porque a falta de água é o maior fator que impede a sobrevivência de uma planta. Contudo, podemos encontrar plantas suculentas nos mais diversos ambientes, inclusive em matas úmidas. Um exemplo clássico são os cactos epifíticos da mata atlântica, como Rhipsalis, o cacto-macarrão. Pode ser contraintuitivo, mas as copas das árvores onde estes cactos habitam tem pouca disponibilidade de água. Neste nicho, as epífitas não têm acesso as reservas de água do solo e, portanto, precisam sobreviver apenas da água da chuva ou da umidade presente no ar. Este incrível mecanismo permite que no Brasil sejam encontradas suculentas habitando desde os rochedos no Rio Grande Sul até a floresta amazônica. 

    Estima-se que existam mais de 12mil espécies de suculentas distribuídas principalmente no sul e leste da África, na Cordilheira dos Andes, no Brasil, no México e desertos da América do Norte. Entretanto, estas plantas possuem um alto grau de endemismo, ou seja, são espécies que ocorrem apenas em lugares muito restritos, o que torna a maior parte das suculentas muito suscetíveis a perda de habitat e as mudanças climáticas e, como consequência, muitas estão ameaçadas de extinção. 

    Se por um lado o aquecimento global afeta a sobrevivência de diversas suculentas em seus ambientes naturais, por outro estas plantas representam o futuro da agricultura. Hoje já se cultivam muitas suculentas em larga escala, como a babosa (Aloe vera), a palma (Opuntia fícus-indica) e os agaves. Estas plantas, assim como a cana-de-açúcar, têm a capacidade de acumular muitos açúcares que podem ser convertidos em biocombustíveis. Contudo, há um grande diferencial: o consumo de água. Estas suculentas conseguem utilizar até 80% menos água que as culturas tradicionais. Em um mundo com chuva cada vez mais irregular, isto é uma hora chove de mais e outra de menos, manejar bem a água será fundamental.

     Nesta seleção nós representamos duas plantas raras que encantam os olhos (Uebelmannia pectinifera e Lithops lesliei) e duas suculentas que estão no cerne cultural do sertão brasileiro (Cereus jamacaru e Agave sisalana).

Me. Fábio Trigo Raya Descascando a Ciência | Laboratório de Genômica e BioEnergia (Unicamp)

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